CF 2013: Indicações para ações transformadoras: Conversão aos jovens
13-03-2013 14:46
Antes de continuarmos nossa conversa sobre o texto-base, vamos relembrar o caminho que nós já fizemos até agora. A primeira parte do texto-base fala especialmente sobre a situação dos jovens nesse tempo de grandes mudanças na sociedade. A segunda parte, apresenta os jovens como modelos de protagonistas desde o AT, passando pela história da Igreja até os dias de hoje. E agora iniciamos a terceira parte que faz indicações ou propostas para que o protagonismo juvenil aconteça na Igreja.
A primeira indicação desta terceira parte é a conversão aos jovens. “A conversão pastoral é uma atitude de auto-avaliação e de coragem para mudar as estruturas pastorais obsoletas da Igreja, para que ela seja cada vez mais, geradora e discípulos missionários comprometidos com a vida de todos”. Toda instituição que deseja crescer, progredir, avançar, deve ter a humildade de receber críticas para poder converter, mudar, refazer os caminhos e continuar. A conversão pastoral que se pede aqui, não é uma “mudança externa, metodológica ou de marketing”, mas é uma “conversão interior”, que brota do Ressuscitado.
“O Documento de Aparecida pede que escutemos a voz do Espírito Santo”. Este mesmo espírito nos pede que olhemos os sinais dos tempos, pois já é hora de uma conversão pastoral voltada para o acolhimento dos jovens. É tempo de organizar uma pastoral que oriente os jovens “a conhecer, a amar e a abraçar a Igreja”, e assim possam auxiliá-la na sua missão. Quando o jovem se envolve com a Igreja e a conhece por dentro, ele abraça a missão e quando necessário, vai saber defende-la.
Essa conversão pastoral precisa “levar nossas comunidades a oferecer acolhida substanciosa e oportunidades de participação aos jovens, auxiliá-los no processo de busca de respostas significativas para a existência e para sua fé: ‘quem é Jesus Cristo? O que significa acolhê-lo, segui-lo e anuncia-lo? O que há em Jesus Cristo que desperta nosso fascínio, faz arder nosso coração, leva-nos a tudo deixar e, mesmo diante das nossas limitações e vicissitudes, afirmar um incondicional amor a Ele?’” (CNBB: Diretrizes da Ação evangelizadora da Igreja 2011-2014, n. 4).
Essa conversão pastoral deve “ecoar em nossas estruturas eclesiais” para que os jovens sejam acolhidos de verdade, pois, do contrário, a juventude vai continuar abandonando a Igreja e vão criar “seus mundos isolados”, sem nenhum acompanhamento. Podemos dizer que esse afastamento da vida eclesial, a “violência, mortes e exclusões ocorrem, porque muitas de nossas estruturas eclesiais não abrem suas portas para acolher a realidade e a cultura dos jovens, entender a linguagem deles, cuidar do seu processo de amadurecimento, curar-lhes as feridas”.
Mas, quais são as urgências da evangelização da juventude? Quais as realidades juvenis em que a Igreja deve priorizar em seu trabalho? É especialmente para aqueles “que estão em grave situação de risco”. Além desses, é preciso dar atenção aos “inúmeros jovens desempregados; sem qualificação profissional; sem acesso ao sistema de ensino e à educação para os novos tempos; envolvidos como crime organizado e com o tráfico de drogas; viciados em substâncias tóxicas; sem estrutura familiar sólida; vítimas de violências; em depressão e com falta de sentido na vida; consumistas e hedonistas; sem fé e sem experiência religiosa significativa; sem clareza da sua vocação e sem motivações para as opções fundamentais; carentes de princípios e valores que iluminem seu amadurecimento afetivo; indispostos para a gratuidade diante do próximo; inconsequentes no uso dos meios de comunicação e das redes sociais; omissos diante das injustiças e das explorações e apáticos ao processo sociopolítico”. Toda a Igreja é convidada a fazer esse processo de conversão, desde os Pastores, os “consagrados, os catequistas, os missionários, os seminaristas, os leigos e os próprios jovens”. Isso significa que nossas paróquias e comunidades devem passar “de uma ‘pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária’”, dinâmica, inclusiva. Quer dizer: as atividades que já existem, devem até continuar, mas é preciso usar da criatividade para fazer a Igreja sempre nova, onde todos os jovens poderão ser ajudados e assim cresçam como discípulos e missionários.
Continuaremos amanhã o tema da conversão. Fique na paz de Deus e tenha um dia abençoado.
Ir. José Torres, CSsR.
(CF 2013 - Fraternidade e Juventude: Terceira Parte, “Converter-se aos Jovens”, p. 85 - 88).