CF 2013: Juventude vítima de desigualdades, exclusão, violência
21-02-2013 15:49
Estamos falando sobre as grandes transformações desse tempo de mudança de época. Já dissemos que vivemos numa “cultura midiática”. Ontem, falamos sobre o fenômeno juvenil: a formação da subjetividade, o mundo da pluralidade, as formas em que os jovens se juntam para se relacionar e as novas linguagens que surgem a partir de suas relações. Queremos continuar falando sobre outras expressões desse fenômeno juvenil.
Um grande problema que percebemos no atual fenômeno juvenil da atualidade são as “desigualdades juvenis”. No campo econômico, a juventude vive em condições desiguais. Além disso, a discriminação e o preconceito atingem de cheio a realidade dos jovens. Há especificamente desigualdades: de renda, de espaços urbanos, de escolaridade, de trabalho, de gênero e também a desestruturação das relações familiares. A “Desigualdade e a violência” estão sempre presentes, não somente na realidade dos jovens urbanos, mas vemos que os seus reflexos atingem também os povos tradicionais”: a falta de políticas públicas, a pobreza, a exclusão, a falta de perspectivas e o preconceito, afetam a “construção da identidade dos jovens”; jovens negros, indígenas e do campo, encontram dificuldades ao acesso aos seus direitos.
Outra realidade gritante em que vive a juventude é a “exclusão social e violência”. A violência institucionalizada “tende a criar um estereótipo” em que se relaciona juventude e violência, como se a juventude fosse sinônimo de violência. Na realidade, juventude não é sinal de violência, a verdade é que milhões de jovens deixam de ser “protagonistas de suas próprias vidas” para serem vitimas da violência.
A exclusão digital e a violência em rede são também verificadas na vida da juventude. No Brasil há uma “imensa desigualdade em relação à possibilidade de conexão às novas tecnologias de informação”: “65% dos domicílios não possuem computador; 73% não possuem acesso à internet”. Quer dizer, “a maioria da juventude brasileira acessa a rede em Lan Houses”. Mas, a internet tem também seus riscos, pois o no mundo da comunicação, “virtual e real se confundem”, possibilitando crimes como a pedofilia e a “difusão de ideologias que diminuem a vida” (tais como violência, vigorexia, bulimia, anorexia, bullying, drogas, preconceitos e a pornografia).
Outra constatação desse fenômeno juvenil diz respeito aos direitos e deveres da juventude. As Políticas públicas para a juventude são direitos sem os quais não é possível acontecer dignidade e protagonismo dos jovens. Na “participação efetiva dos jovens na implementação e gestão das políticas públicas, muito se tem avançado”, mas é preciso que se avance mais naquelas políticas que se relacionam “ao trabalho, à cultura, à educação, ao esporte, ao lazer, ao meio ambiente, à vida segura, à saúde e a várias outras demandas. É dever da juventude, desenvolver sua “consciência política” e exercer constantemente o seu olhar crítico sobre essas políticas públicas”, afinal os jovens são cidadãos e protagonistas de sua história.
Outro tema importante é o “acompanhamento eclesial”. Faz-se necessário “abrir espaços de diálogo sobre os direitos e a participação dos jovens em nossas comunidades”. É lamentável que, “lideranças adultas não garantam o acompanhamento e o apoio necessário aos agrupamentos juvenis”. Por outro lado, encontramos muitos grupos juvenis que “caminham total ou parcialmente à margem da comunidade eclesial”. E aí vale lembrar aos diversos coordenadores dos jovens que eles têm o dever de promover a “comunhão eclesial, especialmente com o Bispo diocesano e o plano pastoral” da igreja local.
Finalizamos aqui a primeira parte do texto-base da CF2013. Amanhã, vamos voltar ao conteúdo deste primeiro capítulo e conversar sobre o protagonismo juvenil. Tenha um dia tranquilo e cheio da Graça de Deus. Até amanhã !
Ir. José Torres, CSsR.
(CF 2013 - Fraternidade e Juventude: Primeira Parte, “A Cultura midiática”, p. 30 -39).