CF 2013: Recriar as relações afetivas e de gratuidade

17-03-2013 10:12

 

A CF indica como uma das ações transformadoras, a abertura para as novidades. Isso implica em recriar muitas realidades: no encontro anterior nós falamos de recriar o sentido da nossa existência e recriar nossa relação com Deus.

A abertura para as novidades também exige de nós “recriar as relações afetivas e a vida comunitária”. Veja, quando nós buscamos descobrir qual o sentido de nossa existência, descobrimos também a existência de Deus. Ao descobrirmos e experimentarmos a relação com Deus, “descobrimos a fonte do amor” e assim, somos imediatamente chamados a viver em comunidade. “Quem ama procura o ser amado e com ele quer permanecer. Se é verdade que amamos a Deus, nosso compromisso com Ele é amar os irmãos (cf. 1Jo 4,19) e conviver em harmonia com eles”. “Para que a evangelização aconteça, não basta suportar-nos uns aos outros”; é necessário “buscar a fonte da paz” e fazer com que os nossos gestos e palavras sejam digam que “existe uma causa, um dever de consciência, que nos leva a agir com amor e que esse jeito de agir provoca em nós alegria”.

Para que possamos recriar as relações afetivas e a vida comunitária, o texto-base indica três exigências:

1-      “reconhecer a Igreja como comunidade de amor, que atrai as pessoas para Cristo”, quer dizer, a Igreja é o lugar por excelência da experiência de amor verdadeiro, que acolhe, contagia e envolve a todos para conduzi-los a Cristo. Não é possível viver feliz sem o afeto e a dinâmica que existe na vida em comunidade.

2-      “superar as divergências e as diferenças na família, na comunidade e nos grupos, promovendo sempre a cultura de paz”. Embora sejam inevitáveis as divergências na vida comunitária, elas não podem ser maiores ou dificultar ou inibir as relações entre as pessoas. É preciso entender que as diferenças são elementos que enriquecem a vida de todos.

3-      “estender o serviço da caridade a todos os que se sentem marginalizados e isolados da vivência fraterna”, isto é, ampliar a nossa visão para mais longe, procurar os que ainda não estão conosco, priorizar nossa atenção aos que se sentem excluídos do convívio de nossa comunidade.

A abertura para o novo exige de nós “recriar relações de gratuidade para uma postura afetivo-construtiva”. No mundo de hoje, a mentalidade econômica impõe uma lógica de concorrência e competição. Essa lógica é aprendida e reproduzida em nossos comportamentos. Podemos perceber que, “especialmente entre os jovens”, há uma “afetividade autônoma e narcisista”, quer dizer, há muitas relações individualistas, interesseiras, egoístas; atitude de supervalorização da beleza do próprio corpo, cultivo exagerado de si mesmo esquecendo-se das relações com os outros. Isso, “dificulta o estabelecimento de relações estáveis e compromissadas”. Por outro lado, a “lógica da graça” é contrária à essa lógica perversa. A lógica da graça é uma atitude de amor-comunhão que deve orientar as relações humanas para viverem na gratuidade.

Para recuperar essas relações de gratuidade, o texto-base assinala três pontos importantes a serem observados:

1-      “superar o individualismo e a competição” que atrapalha as relações de gratuidade na sociedade; acabar com esse tipo de relação de interesse em que a amizade só existe em quanto a pessoa tem o que oferecer. Tem um provérbio popular que diz que se você quiser conhecer o caráter de uma pessoa, olhe como ela trata as pessoas “que não podem trazer-lhes benefício algum”. Conviver com o outro deve ser algo gratuito, do jeito que Deus convive com a gente, apesar dos nossos pecados.

2-      “construir uma afetividade” em que a pessoa valorize e se abra ao outro, e entenda que ela é chamada a agir e transformar o lugar onde ela está.

3-       “acolher os valores éticos” que constroem a pessoa e a humanizam em “todos os âmbitos das relações pessoais e sociais”. Isto é, da mesma forma que a casa deve ser construída com um bom material, a pessoa humana também deve ser formada para ser uma pessoa equilibrada, coerente, autêntica.

No desafio de abrir-se ao novo, é preciso recriar muitas atitudes nossas. Amanhã, vamos continuar nossa conversar. Que hoje você experimente a gratuidade do coração de Deus! Até amanhã!

Ir. José Torres, CSsR.

 

(CF 2013 - Fraternidade e Juventude: Terceira Parte, “Abrir-se ao outro”, p. 93 - 94).

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