Homilia esperançosa nos 60 anos da Vice-Província Redentorista do Recife

10-09-2013 14:51

HOMILIA PARA A CELEBRAÇÃO DOS 60 ANOS DA VICE PROVINCIA REDENTORISTA DO RECIFE

Garanhuns, 24 de agosto de 2013

(Dom José Luiz ferreira Salles, Bispo de Pesqueira - PE)

 

Caro irmão no episcopado,  D. Fernando Guimarães, bispo de Garanhuns

Revmo. Pe. Antônio Ranis - Vice Provincial do Recife.

Confrades Redentoristas, sacerdotes diocesanos, religiosos (as) amigos, benfeitores dos Redentoristas da Prov. Do Recife, irmãos e irmãs.

 

Celebrando esta ação de graças, o Evangelho de hoje nos convida a refletir sobre a forma como um dia tivemos nosso encontro pessoal com Jesus, assim como os discípulos de outrora. Encontro que foi para eles uma experiência de fé, uma mudança no seu comportamento, uma nova dimensão na maneira de ver as coisas. Encontro que representou uma ruptura com o passado, a entrada em um novo mundo, em um novo sentido da vida.

Naquele grupo, uns foram chamados diretamente por Jesus, como Filipe. Outros,foram apresentados a Jesus pelos primeiros, como Natanael. Também como nós, chamados a segui-lo em diversas circunstâncias e através de tantas pessoas... E como Filipe, agora temos o papel de apresentar Jesus a novas pessoas. Quando participamos de algo tão bom, como o Reino dos Céus, é natural querer levar para outras pessoas também conhecerem. Portanto, a missão de hoje é "ser o Filipe" de alguém, e apresentar Jesus a alguém que não o conheça, mas que esteja precisando encontrá-lo. Certamente, é possível que, em resposta ao nosso convite, alguns reajam de forma semelhante a Natanael: façam gracinha sobre Jesus, ironizem sua época, desdenhem de suas origens e costumes, ignorem seus ensinamentos... Mesmo assim, façamos o convite: “Vem ver!”. A gente aqui sabe o resultado desse encontro. Daí que hoje celebramos 60 anos de caminhada da vice Província. E cada um que está aqui sabe o impacto de um encontro assim... Também, quantos encontros nós já provocamos e presenciamos ao longo destes anos caminhada? Alguns turbulentos, outros suaves, uns inesperados, outros inevitáveis. Profundos. Intensos. Extraordinários. Transformadores... Que o Senhor recompense quem esteve a chamar do jeito que pode, com os instrumentos que dispunha.  Graças a Deus por aqueles que se levantaram de debaixo da figueira, aceitaram o convite e vieram ver.

Em Santo Afonso, o encontro com Jesus fomentou tão forte caridade apostólica e predileção pelos pobres que o levou a reunir companheiros e fundar a Congregação Missionária Redentorista. E esta foi a finalidade que Santo Afonso deu à sua Congregação: “Seguir a Cristo Salvador, anunciando a Palavra de Deus aos pobres, como Ele disse de si mesmo: ‘enviou-me a evangelizar os pobres’”, conforme está na Constituição 1.

Hoje, nos reencontrando, possamos renovar a indecifrável experiência daquele nosso primeiro encontro. Indecifrável porque talvez nem possamos identificar direito quando nem como, mas estarmos aqui é prova irrefutável de que aconteceu! Seja, pois, uma oportunidade para fazer memória e  para “Re-cor-dar” (trazer dentro do coração) o caminho percorrido desde o primeiro encontro: descansar de todo o cansaço, deixar aqui as desilusões, tibieza, medos, superar os desencontros. Levantar mais uma vez de debaixo da figueira e recomeçar de tal forma que se renovem a disposição para estar, junto aos demais, na presença amorosa do Rabi. Para alimentar uma profunda intimidade com o Senhor e viver a verdadeira experiência de vida fraterna, entendida como encontro de pessoas convocadas e reunidas pela Trindade.

Celebrar 60 anos não é, pois, encerrar uma história sexagenária. Não é preparar sua aposentadoria nem mesmo dar uma paradinha, sobretudo ao perceber quantos religiosos jovens estão hoje nesta unidade redentorista.  O carisma redentorista continua vivo e atuante em cada redentorista que, fiel à sua vocação e se põe a caminho para ir ao encontro dos mais pobres, nas realidades de abandono e miséria para testemunhar e anunciar o Amor de Deus que liberta e salva toda pessoa: “A preferência pelas condições de necessidade pastoral ou pela evangelização propriamente dita e a opção em favor dos pobres, constituem a própria razão de ser da Congregação na Igreja e o distintivo de sua fidelidade à vocação recebida. O mandado conferido à Congregação de evangelizar os pobres visa a libertação e a salvação da pessoa humana toda.

A ausência de uma espiritualidade profunda e de uma vida fraterna em comunidade causam o que podemos chamar de aposentadoria precoce. Desânimo. Pessoas agrupadas, mas sem laços. É à medida que renovamos o nosso encantamento pelo Mestre, nos sentimos revigorados e impulsinado à missão. Somente assim seremos capazes de perceber os sinais do Reino no cotidiano de nossa vida, dando sabor de novidade também à convivência fraterna. Este impulso, nascido do encontro de Jesus, rejuvenece as nossas forças para estarmos nas fronteiras da missão, não nos permite ficar debaixo da figueira, numa vida cômoda e quase parasitária. Para estar diante do Rabi, vamos à linha de frente, aos territórios de missão, às periferias do campo e da cidade, aos ambientes insalubres e assim por diante. Não nos satisfaz uma vida tranquila, parada, inerte. Não é suficiente interagir com os amigos apenas pelo Facebook, pelo Twitter, pelo MSN, Badoo, Linkedin...

Ser missionário é o modo de cada redentorista ser na Igreja. Não é fazer tudo na Igreja: é ter uma identidade própria. A vocação redentorista exige itinerante apostólica, missionária... A itinerância missionária, os impede de criar raízes, a itinerância missionária os coloca na fronteira da Igreja institucional. Os Redentoristas se organizam, convivem, rezam, trabalham, por causa e a serviço da Missão. O “Dies impendere pro redemptis” (gastar os dias pelos redimidos) é decorrência do ”Copiosa apud Eum Re-demptio” (Nele a Redenção é copiosa) por isso vai se tornando urgente relativizar as fronteiras locais, provinciais e nacionais, e estar disposto a enfrentar o desafio de outros lugares e outras culturas, onde as urgências missionárias clamam por socorro.

Caros confrades, há hoje uma fome de redenção que se exprime também em mudos clamores e em anseios inconfessados. Podemos ouvi-los no desamparo e na frustração dos marginalizados, dos excluídos e dos assim chamados “novos pobres”. Que nesta data jubilar que o vento sopre forte nos  ouvidos: IDE! Isto pode significar ter que sair de onde estão . Nos cabe perguntar: que realidades ao nosso redor tem fome de redenção? Ou numa linguagem do Papa Francisco: quais são as periferias existencias que  como diletos filhos de santo Afonso precisamos ir, conviver, conhecer suas experiências, dores e conquistas... IDE! cabelos açoitados por esse vento que “ninguém para e sopra onde quer”, IDE testemunhar essa força que os move através da solidariedade, do serviço aos mais abandonados. Inquietos, não se contentando com a injustiça, lutando por vida plena para todos. IDE! chamados à santidade, fortes na fé, alegres na esperança e cheios de caridade apostólica,  gastando a  vida com sabedoria, morrendo e ressuscitando a cada dia, eternizando a existência pelo bem que fazem." Que a missão continue neste chão nordestino, pois se estamos felizes pelo que muito já foi realizado, perseveremos atentos ao que Jesus nos garante: “Coisas maiores que esta verás”

Maria, a Mulher da escuta, da decisão,  da ação, conceda neste jubileu reverenciar a memória, celebrar o presente, sonhar e viver uma missionariedade sempre embalada pela  coragem,  pela esperança, pelo amor aos empobrecidos.

 

Por vocês e com vocês, eu rezo:

 

            Pai santo, fazei-me forte na fé, alegre na esperança, fervoroso na caridade, inflamado no zelo, humilde e sempre dado à oração.

            Dai-me forças para ser um homem apostólico e genuíno discípulo de Santo Afonso, seguindo contente a Cristo Salvador.

            Quero participar do seu mistério e anunciá-lo com evangélica simplicidade de vida e de linguagem, pela abnegação de mim mesmo, pela disponibilidade constante para as coisas mais difíceis, a fim de levar aos homens a “Copiosa Redenção”.

            É o que vos peço pela intercessão de Maria, Mãe do Perpétuo Socorro,

de Santo Afonso, São Clemente e São Geraldo Majella, por meio de Jesus Cristo Nosso Santíssimo Redentor.  Amém.

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