A Música e o Som nas Pessoas

25-06-2012 19:49

 

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE OLINDA

 

JOSE DE LIMA TORRES

 

A MÚSICA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O COTIDIANO DAS PESSOAS

 

INTRODUÇÃO

Em todos os tempos, há sempre corações agradecidos e encantados por causa dos efeitos misteriosos e benéficos que ela provoca. O mundo da música promove grandes transformações no homem e na mulher. Dado que vivemos em tempos de stress e doenças psíquico-somáticas, a prevenção através da música e de outras terapias torna-se cada vez mais uma realidade.

Para percebermos os efeitos do uso da música no cotidiano das pessoas, fizemos uma pequena investigação através de 04 questões enviadas via e-mail e Orkut. As questões foram as seguintes:

1-   Que tipo de música você gosta de ouvir?

2-   Que música você ouve mais freqüentemente?

3-   Quando e como você usa a música?

4-   Quais os efeitos da música para você?

 

I - DADOS COLETADOS

         Passemos agora para os resultados obtidos em nossa investigação.[1] É importante dizer que os meios usados para adquiri-los foi o correio eletrônico (E-mail) e o site de relacionamento do Orkut. Foram enviadas mensagens para 42 pessoas escolhidas aleatoriamente na relação de endereços do pesquisador. Desse total, somente 16 respostas chegaram (38%).

 

1- Que tipo de música você gosta de ouvir?

 

Música Clássica

09

MPB

07

Bossa Nova

01

Música Sacra

02

Música Sertaneja Raiz

01

Música Afro

01

Música Popular

01

Música religiosa

02

Pop Rock

02

Música Sertaneja

01

Música Instrumental

04

Músicas que destaquem o som do violão

02

Música Internacional

02

Forró

02

Música que destaquem a percussão

01

Música Orquestrada

02

Música gaúcha

01

Rock mais suave e alternativo

01

Música Pop

01

Jazz

02

Se estou reflexivo, música calma

 

Música dos anos 60

01

Blues

02

Se estou alegre, Música eletrônica

01

Música dos anos 70

01

Música Barroca

01

A escolha depende do estado de espírito

01

Música dos anos 80

01

Música Italiana

01

Música que destaquem o som do piano

01

2- Que música você ouve mais freqüentemente? [2]

Sinfonias, concertos, óperas

Depende da fase. Hoje, Gotan Projet

Canto Gregoriano

Músicas do tipo “Xangai”

Músicas que tenham palavras bonitas (boa poesia)

 

 

3- Quando e como você usa a música?

Em caminhadas

01

No escritório

03

Momento de cultivo pessoal

01

Quando busca distrair-se

02

No divertimento

01

Para dinâmicas de grupos

01

Quando estou feliz

01

Atividades em casa

06

Para dançar

01

Quando estou triste

02

Em momentos de retiros

01

Ao cozinhar

01

Ao acordar

02

Na oração pessoal

01

Levar as pessoas à reflexão

01

Para o exercício físico

02

Para “malhar”

01

Para esquecer algum sofrimento

01

No quarto

02

No relax

04

Quando busca relaxar

01

Para estudar

01

No trajeto de casa para a Universidade

01

Para refletir

03

Para dirigir

02

Nos momentos lúdicos

01

Para animar o espírito

02

Para dormir

04

Na minha profissão

01

Antes de dormir com uma boa companhia

01

Na pregação

01

Na oração coletiva

01

Em viagens

02

Em atividades que exijam concentração

01

No “Cooper”

01

Para pensar em acontecimentos bons

01

Em sessões de REIKI

01

Sessões de massagem

01

 

 

 

4-  Quais os efeitos da música para você?

Partilha de sentimentos

01

emociona

01

Causa euforia

01

Acalma

01

Sentimento de elevação

01

apaixona

01

Faz lembrar de alguém

01

Estímulo para o exercício físico

01

Sentimentos de tristeza ou alegria

02

comove

01

Rememorar bons momentos

02

Reflexão

01

Sentimento de centralidade interior

01

Eleva

01

Contribui no Relacionamento com os outros

01

alegria

01

Sentimentos inexprimíveis

01

Energiza

02

Como um bom vinho que inebria

01

Faz chorar

01

Expressar sentimentos sem usar palavras

01

Animação

01

Dá ânimo

01

Aumenta a adrenalina

01

Felicidade extrema

01

Relaxamento

 

05

Faz pensar como agilidade

01

Inspira

01

Bom humor

01

Leva a sonhar

02

Encoraja

01

Palavras não descrevem.

01

Grande paz

01

Reflexão

01

 

 

Descontração

01

Sentimento de liberdade plena

01

Me faz produzir mais no trabalho

01

Estimula

01

 

 

 

 

Nas respostas, alguns músicos forma citados espontaneamente como opções de gêneros e/ou álbuns freqüentemente ouvidos:

 

Tom Jobim II

Ney Matogrosso

Djavan

Rod Stwart

Caetano

Maria Rita

Cassandra Wilson

James Blunt

Laura Pausini

Elton John

Joana

Mestre Ambrósio

Beethoven

Paula Toler (do Kid Abelha)

Sara Brightman

Zélia Duncan

 

 

 

 

 

 
II – ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS
            
            Passemos agora para uma análise mais detalhada dos dados que forma coletados.

Do total de 42 mensagens enviadas, apenas 16 destinatários responderam (38%). As respostas vieram de pessoas de diferentes situações sociais: 12 homens (75%), 04 mulheres (25%), sendo:04 estudantes do Ensino Médio (25%), 05 estudantes do terceiro Grau (31,25%), 03 padres (18,75%), 01 religioso (6,25%), 03 profissionais (músico, professor e bancário, 18,75%).

         Algumas peculiaridades podemos perceber dos respondentes. Escolaridade: 09 têm o Ensino Superior (56,25), 10 estão envolvidos concretamente com práticas religiosas (62,50%); 11 vivem no Nordeste do Brasil (68,75%), 04 vivem no Sudeste (25%) e 01 no exterior (6,25%).

 
                        

1-  OS TIPOS DE MÚSICA

Ao analisarmos os dados colhidos, percebemos que algumas questões tiveram diferentes interpretações. A questão “que músicas você ouve freqüentemente” foi repetidas vezes respondida como se fizéssemos a pergunta: “quais artistas você ouve?”. Por isso, completamos o trabalho com outra tabela que colhe as indicações sobre os artistas.

 

Os pesquisados responderam não se limitando apenas aos estilos conhecidos mas, imprimindo características encontradas em músicas de diversos estilos. É o que revelam quase todas as respostas da terceira coluna. O som do piano, do violão ou a percussão como destaques são opções que extrapolam as características de um estilo apenas.

As pessoas pesquisadas têm um gosto voltado especificamente para a Música Clássica, pois 09 pessoas a citaram como opção para ouvir. Na seqüência vem a Música Popular Brasileira, com 07 citações. A Música Instrumental vem em terceiro lugar com 04 indicações. Citemos ainda os estilos que foram citados ao menos por duas vezes: Música Sacra, Música Internacional,[3] Música orquestradas, música religiosa, forró, jazz, blues, pop rock e “músicas que destaquem o som do violão”.[4]

 

 

2- MÚSICAS OUVIDAS FREQÜENTEMENTE

Esta questão também teve entendimentos diferentes. Ela se refere especificamente às músicas (faixas), como aquelas que trazem os CDs: “que música você ouve mais freqüentemente?”. As respostas estavam, em sua grande maioria, voltadas para os estilos musicais. Por isso constam apenas 05 referências à questão. Outras menções, foram distribuídas na primeira questão.

 

3- O LUGAR DA MÚSICA NO COTIDIANO DAS PESSOAS

O uso da música, está nos mais diversos lugares e momentos do cotidiano do homem. Nossos dados indicam que a música está presente nos espaços mais íntimos das pessoas: a casa (06 menções). É o lugar mais propício porque é lá que, ao voltar da agitação do trabalho, o indivíduo volta a se refazer. É aí que a música ajuda a recompor as energias gastas. Neste sentido, outro dado importante que esta pesquisa mostra é que as pessoas estão usando a música para o relax, especialmente no momento da noite, antes de dormir (04 menções). Daí, podemos deduzir que a música ajuda a recompor o sono e reequilibrar o organismo e a psique, levando-os ao estado natural daqueles que sentem-se em situação de stress.

O uso da música para auxiliar na reflexão pessoal é o terceiro elemento que nossa investigação apresenta. Algumas pessoas expressaram o mesmo quando disseram que a música ajuda em “atividades que exijam concentração”, na “oração pessoal” e em “momentos de retiro”.

A música é usada para o “cultivo pessoal”: para as “sessões de Reiki”, “momentos de retiro” e “oração pessoal”, para o “Cooper”, “sessões de massagem, para “dançar”, “relaxar” e “animar o espírito”. Tudo isso, ajuda também na prevenção contra o stress ou doenças psíquico-somáticas.

Nossa investigação mostra que usa-se também a música para as ações que não exigem por demais o uso da racionalidade. “Cozinhar”, “dançar”, “viajar”, fazer “exercícios físicos” e “malhar”, são também muito acompanhados pela música, freqüentemente mais agitadas.

 

4- OS EFEITOS DA MÚSICA

Embora as respostas a esta questão estejam muito distribuídas, é significativa a resposta do efeito relaxante que a música produz. Outro dado interessante evidenciado é a capacidade de penetração da música na dimensão afetiva das pessoas. Isto está expresso nas respostas que se referem aos sentimentos e emoções: tristeza, alegria, felicidade; a música “apaixona”, expressa “sentimentos sem usar as palavras”, “comove”, causa “euforia”, “faz lembrar de alguém”, contribui no relacionamento” e “dá ânimo”.

Outra percepção é no tocante aos efeitos terapêuticos: a música produz nas pessoas “sentimentos de elevação”, “centralidade interior” (equilíbrio pessoal), “bom humor”, “sentimento de liberdade plena”; ela “comove”, “eleva”, “energiza”, “leva a sonhar”, “encoraja”, “estimula”, “acalma”, “estimula para o exercício físico”, grande paz” e “inspira”. Certamente tudo isso pode “curar” muitas situações de dependência em que o indivíduo esteja vivendo.

Além dos efeitos subjetivos, há uma interferência muito positiva da música na produção ou no trabalho; algumas respostas apontam para isso: “me faz produzir mais no trabalho”, “dá “animo”, “faz pensar com agilidade” e instiga ao “exercício físico”.

Vale ressaltar duas frases sobre os efeitos musicais: ela é “como um bom vinho que inebria” e “expressa sentimentos sem usar palavras”. Da profundidade interior alcançada pela música, brotam “sentimentos inexprimíveis”.

 

 

CONCLUSÃO

Segundo a Federação Mundial de Musicoterapia, esta ciência  trata de utilizar “da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapêuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo para facilitar, e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas”. Daí, podemos concluir que nosso estudo pôde confirmar, mesmo que com limitadas expressões, a eficácia e a autoridade da Musicoterapia em para o ser humano.

Percebemos a consciência crescente de que a música pode dar outro ritmo, novos horizontes, novas maneiras de enxergar o mundo, curar e prevenir algumas  enfermidades nos indivíduos. Da mesma forma que a música pode colaborar para o bem-estar coletivo, ela também pode fazer o movimento contrário, quando não expressa conhecimentos importantes para as pessoas ou quando é usada para deturpar a realidade ou emitir conteúdos distorcidos e/ou preconceituosos. A música é um instrumento que por si só tem o seu valor, mas deve ser utilizada para construir o Homem de forma a promover sua dignidade.

Vale, portanto, citar aqui a finalidade da ciência da Musicoterapia: ela “objetiva desenvolver potenciais e/ou restabelecer funções do indivíduo para que ele/ela possa alcançar uma melhor integração intra e/ou interpessoal e, conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida, pela prevenção, reabilitação ou tratamento.” (Federação Mundial de Musicoterapia Inc. 1996).



[1] As respostas das questões estão no anexo I, identificadas com as iniciais de quem as respondeu.

[2] A maioria das respostas a esta questão está distribuída no item 01 e 05. Ao responder especificamente sobre a música que o pesquisado “ouve mais freqüentemente”, ele citou grupos, artistas e até tipos de música.

[3] Não foi especificado o que seria a Música Internacional. Freqüentemente a memória coletiva entende como música românticas em outras línguas (Inglês, Francês, Alemão, Espanhol, etc).

[4] Especificamente este não é um estilo musical, mas uma forma independente de expressão de uma música.

 

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